Às margens do rio Quaraí, acha-se, no meio de destroços e ruínas, um pobre e velho casarão abandonado, posto de lado por não servir mais. Ele agoniza ali, envolto numa tristeza deprimente. Imerso no abandono e no esquecimento, vai se desfazendo aos poucos, lentamente, ano a ano até não existir mais…
Ele foi construído pelo esforço conjunto de brasileiros, uruguaios e argentinos, com capital inglês, inaugurando uma época de fartura na região da Tríplice Fronteira. E pouco a pouco, ergueu-se na pampa imensa a beleza forte da sua arquitetura. Depois, surgiu a residência apalaciada do Gerente-Chefe; ali funcionavam vários escritórios e agências do Banco Francês e Italiano, com correspondentes nas praças de Montevidéu e Buenos Aires.
A grande fábrica exportava para o porto de Montevidéu e Rio Grande: charque, velas, sabão e queijo comercializados desde 1896. O curtume produzia couros tratados, peles de bezerros, meias de solas, marroquins, cabritilhos e pelicas. Aproveitando a grande fase Saladeril exportava-se, anualmente, 6.000 kilos de queijos suínos.
Antiga Estação Férrea da Barra do Quaraí – Em 20 de agosto de 1887 inaugurou-se a linha ferroviária entre Uruguaiana e Barra do Quaraí. As locomotivas, movidas a carvão de lenha, conduziam imensas filas de vagões, parando nas estações de Itapitocay, Beleza, Guterres e Barra do Quaraí.
O Saladero testemunhou épocas de ouro e prosperidade. E após ter feito trabalhos sem conta, está morrendo, sem que a gratidão humana erga, ao menos, um muro de arrimo para assegurar suas paredes centenárias…
Sua carcaça vai desmoronando, castigada pelo tempo e pela indiferença humana, até não existir mais…
A ONG Atelier Saladero promove projetos culturais de resgate histórico do Saladero. O público alvo são os estudantes para que contemplem o abandono lamentável dessas ruínas. “Não deixem desmoronar a nossa história”.